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 Jimi Hendrix: Acidente, suicídio ou assassinato?

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Chuck_Norris

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MensagemAssunto: Jimi Hendrix: Acidente, suicídio ou assassinato?   Jimi Hendrix: Acidente, suicídio ou assassinato? Icon_minitimeSex 9 Jul 2010 - 17:56

The Jimi Hendrix Experience (Coletânea)






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Foi Jimi Hendrix morto pelo seu empresário, um homem que tinha trabalhado no serviço secreto inglês e estava, nos Estados Unidos, endividado com a máfia? Harry Shapiro conversa com James “Tappy” Write, o antigo roadie do Jimi e reconsidera as circunstâncias misteriosas envolvendo sua morte.


Um labirinto de espelhos!
A morte misteriosa de Jimi Hendrix


Londres, fevereiro de 1973

Estamos no apartamento de Mike Jeffery o empresário de Jimi Hendrix. Além dele, a única pessoa presente é James ‘Tappy” Wright, um inglês de fala mansa que vinha trabalhando com Mike em Newcastle, no norte da Inglaterra, desde o começo dos anos 60 quando Mike era dono de um clube noturno e também empresário da banda The Animals.
A noite ia acabando, os cinzeiros estavam cheios e o whisky circulando.

Mike Jeffery possuía os direitos do filme Jimi Plays Berkeley. Trata-se da filmagem do concerto que Jimi fez no Centro Comunitário de Berkeley em São Francisco em 1970 e, considerado por muita gente como umas das melhores apresentações já feitas por este gênio da guitarra. Depois que Jimi morreu, Mike teve a idéia de fazer uma tournée projetando o filme juntamente com uns shows usando bandas de abertura ao vivo. Aproveitava assim, para divulgar as bandas Cat Mother e Jimmy and Vela, bandas que estava empresariando. Muita gente não tinha tido a oportunidade de ver Jimi Hendrix ao vivo, e vê-lo no cinema com o som saindo de um sistema de som, do tipo usado para shows seria a coisa mais próxima possível de um show ao vivo. Segundo, informações fornecidas pelo Tappy, esta tournée pela Inglaterra e resto da Europa foi o maior sucesso.

Então, ali naquele apartamento, Mike discutia com Tappy a possibilidade de levar a tournée para os Estados Unidos. A conversa descamba para lembranças sobre Jimi Hendrix e seus últimos dias.

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James "Tappy" Wright
“Eu me lembro desta conversa como se fosse ontem”. Comenta Tappy, dentro do Grouch Club em Londres, recordando daquela noite em 1973 quando Mike Jeffery, aparentemente, confessou ter assassinado Hendrix.

Tappy prossegue: “No meio da conversa, Mike começou ficar pálido e agitado e disse:

“Maldição, eu não tive escolha, eu tive que fazer isto!”. Do que você esta falando? Tappy perguntou.

“Você sabe exatamente do que estou falando! Era isto ou então eu estaria quebrado ou morto”. Foi a resposta de Mike. Tappy continua:

“Eu tenho que dizer que, isto confirmou as minhas suspeitas. Suspeitas que muita gente tinha mas que, todos tinham muito medo para abrir a boca. O negócio é que, eu não tinha perguntado nada! O Mike é que estava me contando! Para ser honesto, eu realmente não queria ouvir nada disto. Tudo que ele me disse foi que ele tinha alguns amigos. Eu não conhecia os caras, eram alguns bandidos que Mike conhecia lá no norte da Inglaterra e o serviço foi feito mandando muita bebida pela garganta abaixo. Sabe como é que é, do mesmo geito que fizeram no filme Get Carter”.

Eu não sei porque é que ele me contou. Eu penso que, se uma pessoa comete um crime, é difícil guardar para sempre, você algum dia vai querer contar para alguém. Ele sabia que poderia confiar em mim. Eu, por minha vez, conhecia bem o cara e sabia do que ele era capaz e, por isso, acreditei nele.”

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Quase um mês depois desta surpreendente confissão, Mike Jeffery estava morto.

Mike voltava de Majorca (Espanha) num vôo pela Ibéria quando o DC-9 que voava, enquanto passava por cima da França, chocou-se em pleno ar e caiu, sem deixar nenhum sobrevivente.

Curiosamente, Mike tinha um medo danado de viajar de avião. Normalmente reservava vários vôos ao mesmo tempo e só na última hora, decidia que vôo tomar. Era seu jeito de tentar driblar o destino. A verdade é que no dia 5 de março de 1973 sua sorte acabou e a história completa desta chocante confissão morreu com ele.

Tappy admite que não buscou, na época ou depois, nenhuma evidência que comprovasse esta história: “Quem mais esteve envolvido neste crime, deveria ainda está por aí e provavelmente eles sabiam que o Mike tinha me contado tudo. Então, eu mantive minha boca fechada. Quer dizer, na época, eu contei para um amigo íntimo chamado Bob Levine que era parte do grupo empresarial do Jimi Hendrix em Nova York. Ele disse que eu deveria desaparecer!”

Algum tempo depois, Tappy mudou de volta para o norte da Inglaterra onde, também virou dono de clube noturno.

No começo dos anos 80, Rod Weinberg, um empresário de bandas de rock, reformou a banda The Animals e Tappy viu-se novamente trabalhando. “Eu pedi para Tappy participar da coisa porque eu precisava de alguém para manter o Eric e o Chas separados”. Esclarece Rod. Foi como resultado dos bate-papos entre Tappy e Rod que saiu a idéia de escrever o livro Rock Roadie, que começou, na verdade, ser escrito à uns 10 anos atrás e só finalmente foi publicado recentemente.

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Capa do livro Rock Roadie
Que motivo teria Mike Jeffery para matar a sua fonte de renda e uma das maiores estrelas do rock mundial?

Vamos voltar para setembro de 1966.

A banda The Animals tinha se separado no meio do verão. O baixista Chas Chandler estava com o saco cheio da estrada e queria trabalhar com produção. Linda Keith, a namorada do Keith Richards convenceu Chas para ir ver este jovem guitarrista em Greenwich Village no Café Wha. Chas ficou tão impressionado que tentou fechar um negócio para o Jimi Hendrix mesmo antes de trazê-lo para o Reino Unido. Ninguém se interessou. Em Londres a situação não foi diferente. O povo ficou pasmado. Eric Clapton, Jeff Back e Pete Townshend entraram em estado de choque coletivo mas, contrato com gravadoras, nenhum!

Chas rapidamente percebeu que precisava de um sócio no negócio e foi correndo atrás do empresário do The Animals, o senhor Mike Jeffery.

Ninguém da banda The Animals confiava no Mike acreditando que com a desculpa de driblar o imposto de renda inglês, ele tinha criado uma empresa nas Bahamas chamada Yameta com o simples intuito de sacanear a banda e meter a mão na grana. O advogado John Hillman que administrava a empresa nas Bahamas nega tudo e insiste que “a banda The Animals sem Mike Jeffery não era nada”.

Bom, Mike era um cara com conexões e um eficiente negociador. Agora, Chas estava do outro lado, do seu lado, exatamente como Mike queria.

Mike Jeffery nasceu no sul de Londres em 1933. Filho de dois carteiros, Mike teve uma educação mediana e era mais ligado aos esportes. Ele foi chamado para servir o exército em 1951 e depois optou por permanecer como soldado profissional. Mai tarde, foi destacado para trabalhar no Intelligence Corps (serviço de inteligência) e, daí para diante como era de se esperar de uma pessoa que trabalha no serviço secreto, sua história ficou meia difícil de seguir.

Ele contava histórias de ter trabalhado secretamente no Egito em 1956, durante a crise do Canal de Suez. Dizia ter operado em serviços de contra-espionagem contra os Russos e gabava-se de ter praticado assassinatos e loucuras em outros países. Algumas desta histórias dignas de um filme de espionagem, talvez tenham sido truques usados para impressionar e amedrontar os músicos jovens que ele tinha ao seu comandando. Frank o seu pai, nos informou que Mike podia falar Russo fluentemente e que ele passou a maior parte da sua carreira militar usando “roupas civis”. Seu pai também disse que, quando ele estava em casa, raramente comentava sobre o que ele fazia no exército.

Durante o tempo que trabalhou para a “Rainha e seu país”, provavelmente a sua melhor conquista foi ganhar muita grana vendendo jornais velhos para os soldados no Egito. Mike, percebendo que as tropas no exterior estavam sempre desesperadas para ter notícias de casa, achou um jeito de tirar vantagem da situação. Descobriu que no Cairo, um lugar na época proibido para as tropas inglesas, jornais ingleses estavam à venda. Estes jornais eram apenas alguns dias atrasados. Totalmente contra as normas, ele pegou um caminhão e começou despachar pilhas de jornais para a base militar. É claro que ele foi pego mas, fez um acordo, dividindo os lucros com o comandante da base e ainda ficou com dinheiro suficiente para em Newcastle conseguir um diploma universitário e abrir seu negócio como dono de clube noturno.

Resumindo, Mike era um cara que não tinha medo do perigo, era inteligente, sabia da malandragem da rua, vestia-se bem e era bom de papo.

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Mike Jeffery
Em outubro de 1966, Hendrix, Noel Redding e Mitch Mitchell assinaram um contrato de produção com Chas e Mike mas, já no dia primeiro de dezembro de 67 Hendrix assinava, sozinho, um contrato empresarial de 4 anos com Mike. Não só Noel e Mitch foram excluídos como o nome de Chas só seria incluído algum tempo depois. Desde o princípio, Noel e Mitch foram apenas considerados como empregados da empresa Yameta e não importa o que Hendrix lhes tenha dito, a verdade estava refletida nos seus contratos. Para Mike, Jimi Hendrix era a estrela e ele não queria que existisse nenhum obstáculo entre ele e seu investimento. Na seqüência, no Reino Unido, Hendrix assinou um contrato com a gravadora Track Records mas o grande golpe do Mike foi assinar em janeiro de 67 com a Warner Brothers em USA. Fora a assinatura do contrato, ele negociou um orçamento para promoção do Hendrix no valor de 20.000 dólares. Isto era uma coisa totalmente impensada para um artista novo durante o lançamento do seu primeiro álbum. Mike ainda conseguiu excluir do contrato qualquer gravação relativa à trilhas sonoras, uma decisão que, no futuro, faria a Warner arrepender-se profundamente. Se não bastasse tudo isto, a Warner concordou em não assinar Jimi Hendrix diretamente mas sim através da sua empresa Yameta que foi contratada para fornecer os originais das gravações (masters) do Jimi Hendrix e Jimi Hendrix Experience. Com isto Yameta ficou dona exclusiva e perpétua das fitas contendo as gravações originais. Nem The Beatles ou os Rolling Stones eram donos das suas “masters”!

Então, com suporte financeiro de uma grande gravadora Norte Americana a máquina roqueira de Jimi Hendrix começou rolar. Assim como a banda Cream, Hendrix e sua banda passavam cada vez mais tempo nos Estados Unidos fazendo fortuna. As turnês ficaram mais longas e as taxas cobradas maiores especialmente depois que Mike resolveu que eles mesmos agora fariam a promoção da banda. Em vez de eles negociarem com dezenas de promotores de shows, passaram a negociar apenas com alguns e assim mesmo, pagando pelo serviço com uma porcentagem da bilheteria. Mike também percebeu bem cedo, o poder que tinha a venda de “merchandise”, trazendo mais grana para os cofres do Jimi Hendrix Experience.

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Lá pelo meio de 1968, os problemas começaram aparecer. Jimi sabia que deveria ser agradecido pelo que Chas e Mike tinham feito mas, começou ficar ressentido com a forma que Chas controlava as coisas. Ele achava que Chas estava interferindo com a sua criatividade. A coisa ficou mais marcante em Nova York no estúdio Record Plant durante as gravações do Electric Lady porque Hendrix começou trazer músicos extras para se distanciar da idéia de um trio. Chas ficava todo incomodado com as drogas especialmente LSD e também pelo grande número de garotas (groupies) e gente estranha fazendo plantão nas gravações. Então, Chas desiludido decidiu deixar de ser o produtor do Hendrix e voltou para Inglaterra mas, ainda por um tempo, mantendo sua condição de empresário da banda.

Jimi também estava ficando cansado do Mike que insistia em fazer uma tournée atrás da outra. Jimi sabia que a audiência queria vê-lo quebrar amplificadores e botar fogo na guitarra em todos os shows além é claro, de tocar as mesmas músicas todas as noites. Para ele era demais. Ele mesmo diria mais tarde que estava cansado de “fazer o papel de palhaço”.

A coisa ficou séria no verão de 69. As apresentações da banda ficaram imprevisíveis e dependiam do estado de espírito de Hendrix. Algumas vezes eram poderosas e emocionantes e outras, pobres e mal preparadas onde durante o show Jimi, Noel e Mitch nem se olhavam. Noel saiu da banda e trouxeram Billy Cox para substituí-lo. Jimi retirou-se para uma casa alugada em Shokan, perto de Nova York, para pensar que direção tomar.

Muito embora o baterista Mitch Mitchell tenha ficado, Jimi começou falar sobre um novo projeto chamado Sky Church Music e juntou um novo grupo de músicos, de qualidade variada, ao seu redor. Foi este grupo que tocou no Woodstock para umas 30.000 pessoas, na segunda-feira de manhã, num show fraco, depois que quase todo mundo já tinha indo para casa. Depois deste show Jimi Hendrix decidiu não fazer mais tournées o que, deixou Mike Jeffery completamente louco.

Apesar de todo o sucesso, o dinheiro estava acabando.

Muito embora Mike tivesse conseguido assinar grandes contratos com as gravadoras, tirar dinheiro delas era trabalho duro. As gravadoras estavam sempre pagando com meses e até anos de atrasos. O dinheiro verdadeiro só vinha das turnês (geralmente milhares de dólares carregados em malas e sacos de papel). Mas, depois que Jimi deixou o palco do Woodstock no dia 18 de Agosto de 1969, dando suas costas para as turnês, só voltou para a estrada em 25 de abril de 1970 com o começo da tournée Cry of Love.

Enquanto o dinheiro que entrava ia diminuído, as despesas explodiam. Jimi não se preocupava com as despesas no estúdio. Ele gastou horas e horas apenas “jamming” e experimentando. Electric Ladyland sozinho custou 60.000 dólares! A banda sempre gastou pesado. Limusines, hotéis e pagando as despesas de todos aqueles “perdidos e doentes” que viviam pendurados no pescoço do Jimi e ele não sabia como dizer não. Ele amava carros rápidos (muito embora fosse cego como um morcego) e só em um fim de semana comprou 9 guitarras. O Mike por sua vez, também era um gastão. Como um cara que vivia dentro cena musical, ele na verdade, sentia-se sempre como um cara de fora. Sempre usando seus óculos de graus escuros e uma capa preta longa ele fazia um visual ameaçador mas, na verdade, ele desesperadamente queria ser aceito pela elite americana de empresários. Queria ser aceito por homens como por exemplo. Albert Grossman, o empresário do Bob Dylan. Na sua tentativa de ficar mais próximo do Hendrix ele assumiu um visual mais hippie e tomou um monte de ácido. No verão de 69 ele comprou uma casa cara no meio da comunidade rica roqueira e, alugou a casa em Shokan para o Jimi.

Electric Lady Studios transformou-se em um buraco negro financeiro. Como dono de casas noturnas Mike tinha tido grande sucesso tanto no Reino Unido como na Espanha. Portanto, Mike tentou persuadir Jimi à investir dinheiro abrindo um clube em Nova York. Eventualmente, esta idéia acabou crescendo e transformando-se na construção de um estúdio de gravação de última geração. Foi uma boa idéia. Pena que o lugar escolhido era tão ruim. No seu livro, Tappy relembra que “a rua New York Heighth ficava exatamente no coração do território controlado pela máfia. Já existiam 4 casas noturnas italianas na redondeza e a máfia não ficou muito satisfeita com a presença de Jimi com sua fama de estrela do rock abrindo negócio entre eles e chamando atenção para a área”.

Fora este pano de fundo, Mike e Jimi tiveram intermináveis problemas para conseguir as necessárias permissões da prefeitura para poder construir. Se não bastasse tudo isto, o lugar foi inundando quando descobriram que estavam construindo em cima de um rio subterrâneo.

Mike podia ser astuto mas ele também era muito impulsivo.

É Howard Krantz, seu procurador que nos informa que quando chegou a hora de equipar o estúdio, em vez de comprar a crédito, “Mike Jeffery simplesmente comprou à vista e aumentou ainda mais o problema financeiro. Então, muito embora ele tenha conseguido um grande empréstimo da Warner, o orçamento inicial de 500.000 dólares rapidamente virou uma distante memória. Mike então tomou a perigosa decisão de emprestar dinheiro da máfia. Bob Levine, que tinha trabalhado para Frank Sinatra conhecia os caras e serviu de ponte nas negociações”.

O Poderoso Chefão e séries como Os Sopranos fazem parte da mitologia popular quando falamos de gangsteres. O povo esquece que a máfia é real e que, realmente machucam aqueles que lhes criam problemas.

Mike além disso, tinha problemas financeiros não resolvidos em Londres. Jim Marron, o administrador do estúdio Electric Lady comenta que Mike Jeffery lhe disse que devia 20.000 dólares : “Eles mandaram um cara para matar o Mike se ele não pagasse. Ele sentiu que a coisa era séria e pagou”.

Se tudo isto já não fosse suficiente ele ainda tinha o American Inland Revenue Service (IRS) , os homens do imposto de renda Norte Americano, no seu pé. Jimi nunca se beneficiou da isenção de imposto através da Yameta porque ele era um cidadão Norte Americano. Só os cidadãos do Reino Unido podiam usar este esquema. Nem Mike, podia trazer dinheiro da Yameta lá das Bahamas sem pagar imposto para o IRS. Bob Levine recorda-se de ter visto Trixie Sullivan e Kathy Eberth, as assistentes do Mike, chegando em Nova York com um monte de grana enfiadas nos sutiãs e botas. O IRS estava ameaçando Mike. Diziam que paralisariam o Electric Lady se ele não começasse fazer pagamentos regulares.

Quer dizer, Mike estava caminhando na corda banda e precisava de dinheiro com freqüência para manter o barco flutuando.

“Planejar para o futuro não era o ponto forte do Mike” Fala Ron Terry, o promotor de shows, que continua: “Mike planejava tudo de minuto para minuto. Se ele estava quebrado, reagia e colocava pressão no artista”.

Mike estava preocupado não só com a sua relação com Hendrix que estava piorando mas também com qualquer um que ele achava que estava desafiando a sua posição e o seu dinheiro. O negócio da música era e ainda é um mundo cheio de desconfiança e paranóia. Talvez devido ao seu envolvimento e atividades no tempo da Guerra Fria, o senso de paranóia do Mike era mais ativo do que em muita gente. Ele estava sempre de olho nas pessoas que estavam mais próximas do Hendrix. Pessoas que estavam muito mais próximas do que ele jamais estaria e, portanto Mike sempre fazia planos para “dividir e conquistar”. Ele já tinha antes, aplicado a mesma técnica com Chas e funcionários do Record Plant como por exemplo, no caso do engenheiro Gary Kellgren.

Depois de 1969 a sua paranóia fixou mais focada e intensa. Ele ficou tão distante de Jimi e seus amigos que até colocou escuta no escritório do Bob Levine para tentar saber o que estava acontecendo. Michael Goldstein, o agente publicitário da banda para os Estados Unidos, comentou que “Mike, em se tratando do sucesso da banda, não parava para nada mas que tinha muita dificuldade para, pessoalmente, à nível de amizade, envolver-se com os músicos”.

Mike estava bravo com Jimi porque ele tinha recusado-se a fazer tournée e colocava toda a culpa na renovada amizade de Jimi com o baterista Buddy Miles. Para irritar ainda mais, Jimi estava trabalhando no Record Plant com um novo produtor chamado Alan Douglas. Jimi tinha encontrado Douglas através de uma “grupie” muito conhecida chamada Devon Wilson. Jimi tinha com a Devon uma estranha e pouco saudável relação. Douglas era essencialmente um produtor de jazz que também tinha interesses em filmes e livros. Jimi gostava da sua atitude mais relaxada de boêmio Novaiorquino. Acontece que as gravações não foram muito frutíferas e Alan Douglas não tinha como competir com Mike Jeffery. Como resultado, em dezembro de 1969 Douglas escreveu para Jimi dizendo que não queria mais produzi-lo. Mesmo assim Jimi fez pressão para prosseguir com uma nova banda formada com Buddy Miles e o baixista Billy Cox. Sem a permissão de Mike, o novo grupo chamado Band of Gipses fez dois concertos no Fillmore East durante o Ano Novo, dia primeiro de 1970. Mike ficou puto e não só, despediu Buddy Miles como também insistiu que Jimi reformasse o Jimi Hendrix Experience. Noel Redding foi colocado de prontidão mas no final a tournée The Cry of Love começou mesmo com Billy Cox no baixo e Mitch Mitchell na bateria.

Esta tournée Norte Americana fez uma boa grana mas Mike ainda tinha uma montanha de dívidas.

Um elemento crítico nesta história é saber se Mike fez ou não um seguro de vida no nome de Jimi Hendrix.

Quando a Warner Brothers concluiu em 1968 uma série de novos contratos com Jimi, ele fizeram uma apólice de seguros. Esta atitude da gravadora tinha tornado-se uma prática oficial desde da morte de Otis Redding em 1967. Mike também preparou uma apólice similar e o documento estava, junto com uma pilha de contratos de shows, esperando para serem assinados por Jimi no Havaí onde estavam filmando Rainbow Bridge. Bob Levine viu o contrato e disse ter alertado Jimi para não assiná-lo. Tappy disse que ele assinou.

Muito embora, se do ponto de vista de Mike, Jimi estava de volta fazendo shows, sua relação com ele estava cada vez mais amarga. Para Jimi o fato de Mike tê-lo obrigado despedir Buddy Miles representava interferência no processo criativo, coisa que Mike nunca tinha feito antes. Mike, por sua vez, estava de olho no calendário porque, seu contrato com o Jimi terminava dia primeiro de dezembro de 1970. À cada dia, Mike estava mais convencido que Jimi iria pular fora do barco e não renovar o contrato com ele.

Com o estúdio Electric Lady quase pronto e Jimi já trabalhando nele por um mês a última coisa que o músico queria era mais turnês mas ele não teve saída e acabou assinando, no outono de 1970, um contrato aceitando fazer uma tournée na Europa. A tournée foi uma droga. Jimi fez um concerto sem brilho no Festival da Ilha de Wight, seguido por um show desastroso em Arthus na Dinamarca que foi interrompido logo no começo porque Jimi estava sofrendo os efeitos de um punhado de pílulas desconhecidas que ele tinha tomado antes, justamente talvez para tentar bloquear a situação miserável em que ele se sentia. Pior aconteceria, na seqüência, na Ilha de Fehmarn na Alemanha onde um temporal terrível e os Hell Angels em pé de guerra serviram para completar a triste bagunça que tinha virado a carreira do Hendrix.
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Voltando ao Mike, ele estava com os dias contados para renovar o contrato com Jimi. A bomba de tempo estava para explodir e ele tinha, além de uma montanha de débitos, dois cobradores que ele não podia brincar: A máfia e o IRS (Imposto de renda Norte Americano).

Não devemos esquecer que muito embora, no final de 1970, seu contrato com Jimi estivesse acabando, Mike ainda tinha um grande investimento feito na carreira do Jimi. Ele tinha a metade do estúdio Electric Lady, vários direitos ligados à assinatura, em 68, do novo contrato de Jimi com a Warner e, justamente por causa de uma pequena cláusula de exclusão feita em 67, ele tinha agora o direito sobre dois filmes; Jimi Plays Berkeley e Rainbow Bridge.

Jimi Hendrix por sua vez, até chegou fazer um barulho, dizendo que iria trocar de empresário mas, quem poderia ser? O único nome que circulou foi o de Alan Douglas mas Jimi sabia muito bem que Alan estava muito longe de chegar perto da competência do Mike. O novo manager teria que ser um cara muito forte e com peito para encarar Mike Jeffery de frente. Por outro lado, se Jimi pulasse fora do contrato, Mike perderia imediatamente sua comissão relativa aos shows. E como já foi dito, era justamente nos shows onde o dinheiro vinha mais rápido. Então, considerando-se a paranóia em que Mike vivia, o cenário negativo que acreditava estar por acontecer, o homem deve ter calculado que para ele Jimi valia mais morto do que vivo. Será que ele chegou à estes extremos?

Exausto e depressivo, Hendrix toma drogas para escapar a miséria do final do tour europeu
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Monika Dannemann

A Morte de Jimi Hendrix

O depoimento de Monika Dannemann é a chave das últimas horas da vida de Jimi. Monika era uma artista plástica talentosa que pertencia à uma família rica alemã. Sua carreira, em patinação, tinha sido interrompida cedo por causa de um acidente. Monika encontrou-se com Jimi na Alemanha por um período bem curto no começo de 1969 e, só depois, novamente um pouco antes da sua morte.

Monika insistia que Jimi sempre manteve contato com ela através de cartas mas, nunca deixou ninguém vê-las. Em 1989, enquanto fazia a minha biografia chamada Electric Gypsy, entrevistei Monika Dannemann. Sua casa era situada numa rua calma e respeitosa em Seaford na costa sul da Inglaterra.

Monika abriu a porta e ali permaneceu, vestida exatamente do mesmo jeito que se vestia quando Jimi morreu; Bem loira, muito maquiada, usando um vestido de veludo amarrotado e um monte de jóias penduradas. A sensação de que o mundo tinha parado para ela ficou claro quando entrei na casa. As paredes da casa estavam forradas de quadros. Todos, pinturas mostrando Jimi Hendrix. A casa era um santuário. Ela foi bem amiga e de uma forma calma, contou-me a mesma história que ela contou no inquérito feito na época. Ela repetiu o que vinha repetindo por mais de 20 anos para todos os jornalistas que tentavam saber mais ou descobrir o que realmente aconteceu.

Em resumo, segundo Monika Dannemann, sua história é a seguinte:
Jimi Hendrix hospedou-se no Cumberland Hotel perto de Marble Arch mas na verdade estava ficando com ela em um apartamento no subsolo do Samarkand Hotel que ficava só à uns 10 minutos de carro de distância. Durante a tarde do dia 17 de setembro eles foram, com algumas pessoas que eles tinham acabado de conhecer, até Baker Street. Eles voltaram lá pelas 8:30 da noite para o Samarkand Hotel e ficaram lá até o começo da madrugada quando Jimi pediu para ser levado de carro para um outro apartamento não muito distante do Cumberland Hotel para dizer para a ciumenta e obcecada Devon Wilson que tinha vindo de USA com Alan Douglas e sua esposa que, ele agora estava envolvido com alguém e que pretendia se casar. Monika deixou Jimi no lugar e voltou meia hora depois para pega-lo novamente. Eles retornaram lá pelas 3 da manhã, conversaram um pouco e Monika fez um sanduíche para Jimi. Eles foram para cama lá pelas 6 da manhã. Monika tomou uma pílula pra dormir e capotou 1 hora depois. Jimi ainda estava acordado e ela não viu ele tomar nenhuma pílula. Monika acordou às 10 da manhã, viu que Jimi estava dormindo e saiu para comprar cigarros. Quando voltou uns 15 minutos depois, percebeu que Jimi tinha vomitado. Ela não conseguiu acordá-lo.

Como Monika não sabia quem era o médico do Jimi, ela fez algumas ligações para seus amigos e acabou conseguindo falar com Eric Burdon que recomendou-a chamar uma ambulância. Eram 11:18 da manhã. A ambulância chegou 9 minutos depois. Monika viajou com Jimi na ambulância até o hospital St. Mary Abbott e disse que, os motoristas da ambulância, dirigiram tranquilamente sem nem usar as luzes acesas e sirenes. Já no hospital, Monika ficou por lá até que foi informada que Jimi estava morto.

O principal desta história é que Monika aponta a culpa totalmente nos funcionários do hospital e principalmente nos motoristas da ambulância.

Eu sabia exatamente o que a Monika iria dizer e por isso nunca questionei a história dela até que fui ao hospital. Eu chequei as admissões de pacientes para aquele dia, 18 de agosto de 1970 mas, não consegui encontrar o nome do Jimi Hendrix. Eu então perguntei para Walter Price, o porteiro do hospital que estava de serviço naquele dia: “Jimi nunca foi admitido, ele foi direto para o necrotério”.

O que Walter Price disse também não era completamente correto mas colocava uma dúvida na história da Monika. Checando as suas entrevistas anteriores, nota-se que o centro da história continuou o mesmo mas, suas ações e horários alteraram à cada depoimento. A descoberta destas inconsistências gerou uma cadeia de eventos que não só clarificou o que aconteceu mas também, derrubou a história da Monika. Ela, em vão, reagiu às acusações com ameaças de processos contra qualquer um (inclusive eu) que duvidasse das suas palavras.

Conforme Tappy deixa claro no seu livro e, foi confirmado por todo mundo que conhecia Jimi, ele estava sempre se apaixonando pela “mulher dos seus sonhos” e inundando-a com íntimos suspiros e promessas de amor eterno. Talvez, de vez em quando, ele até acreditasse nas suas próprias palavras mas, na maioria das vezes era só cantada para levar a mulher para cama. Acontece que Monika foi a última mulher que Hendrix passou uma cantada e ela acreditou nas suas promessas de morar com ela na Inglaterra e casamento.

É aceito como verdade, que a única mulher que Hendrix genuinamente se preocupou e que em contrapartida também se preocupou com Jimi sem nunca ter pedido nada em troca foi Kathy Etchingham. “Eu gostaria que eles tivessem ficado juntos. Jimi poderia estar vivo ainda hoje!” Diz Tappy.

Muito antes de ser famoso, quando chegou em Londres, Jimi e Kathy viveram juntos com Chas e sua esposa e depois moraram juntos num apartamento em Mayfair.

Foi Kathy com a ajuda de Dee, a esposa de Mitch Mitchell que, no começo dos anos 90 assumiram a tarefa de descobrir as verdadeiras circunstâncias sobre a morte de Jimi Hendrix.

Por incrível que pareça, nem os motoristas da ambulância, nem o policial que atendeu ao chamado telefônico de emergência (999), nem os médicos que tentaram procedimentos de emergência para reviver Jimi no hospital, nunca foram chamados para dar evidência. Por razões que só o médico legista Gavin Thurston sabe, ele quis o caso fechado e limpo o mais rápido possível. Thurston deu seu veredicto como sendo a causa da morte “inspiração de vômito causado por intoxicação de barbitúricos sem evidência de crime ou suicídio ”

Kathy e Dee foram atrás de todo este povo e muitos outros. Elas conseguiram arrumar tanta evidência que o Procurador Geral ordenou uma investigação policial. Bom, um grande número de pessoas que não tinham problemas em conversar com a Kathy e Dee em particular, ou não quiseram ter nada à ver com a polícia ou mudaram seus depoimentos com medo da publicidade. Então, o inquérito não foi reaberto mas seus depoimentos foram mantidos.

Portanto, depois das novas evidências, a história ficou assim:
Jimi e Monika, naquela tarde, realmente foram para o apartamento de umas pessoas totalmente desconhecidas. Mas, Jimi ficou muito mais tempo do que Monika queria, aceitando as atenções de uma jovem que lá estava. Eles saíram às 10:40 da noite. Phillip Harvey, o dono do apartamento, disse que Monika ficou louca. Na saída, no caminho até a rua, ela gritou e xingou Jimi o tempo todo. Mais tarde ela levou-o para uma festa mas, ele ficou lá muito mais que meia hora (provavelmente algumas horas). O apartamento pertencia à Peter Cameron, um homem de negócios que mantinha relações com a gravadora Track Records. Estavam presentes Devon Wilson, Alan Douglas e sua esposa Stella. Quando Monika voltou para buscá-lo Jimi pediu para Stella dar um jeito e mandar ela embora. Monika fez um fiasco tão grande que Jimi teve que ir embora.

Quando Eric Burdon perguntou porque é que ela não tinha chamado ainda uma ambulância, ela disse que estava assustada porque tinha drogas no quarto. Então quem chegou primeiro na cena foi Terry Slater, o "roadie" do Eric Burdon que contou para a Kathy que ele e a Monika “limparam” o quarto, atravessaram a rua e foram num parque do lado, onde enterraram as drogas. Enquanto isto, os motoristas da ambulância chegaram e encontraram Jimi morto e sozinho no quarto. Seguindo normal procedimento, eles tentaram reanimar Jimi na ambulância mas, estava claro que o homem estava morto. Era tarde demais e isto explica porque os motoristas não correram pelas ruas de Londres. Terry Slater disse que eles viram tudo isto pelo outro lado da rua. Os médicos também tentaram ressuscitá-lo mas, eles também perceberam que era tarde de mais pois Jimi já estava morto à horas.

Toda vez que Monika contou a história ela mudou detalhes críticos: A hora que eles foram dormir, que horas que ela acordou, se ela foi ou não comprar cigarros, etc. O fato é que Jimi tinha engolido 9 pílulas alemãs para dormir que pertenciam à Monika. O equivalente à 18 vezes mais do que a dose recomendada que era de meia pílula. Isto foi o que matou ele.
Talvez ela se sentisse culpada por ter deixado Jimi ali na cama. Talvez ela se sentisse culpada porque Jimi tomou todas aquelas pílulas só para não ouvir o falatório dela a noite toda! Talvez, como ela falou para o Terry Slater, ela estava só aterrorizada.

Monika era uma garota de 22 anos, branca. Uma estranha numa terra estranha, vinda de uma família rica e com um pai muito conservador que, agora estava num quarto cheio de drogas e com um morto, o mais famoso músico negro.

Será que, quando ela descobriu Jimi morto, ela entrou em pânico, fugiu do hotel e, todo este estranho comportamento e histórias inconsistentes foram a forma que ela encontrou para esconder este momento de fraqueza?

No decorrer dos anos, o problema para Monika ficou pior pois, como ela contou para todo mundo que não tinha chamado a ambulância imediatamente, ficou de comum senso, entre os fãs e músicos em geral, que Jimi morreu por sua culpa.
Mas, enquanto tudo isto estava acontecendo, por onde andava Mike Jeffery?

De fato, ele esteve em Londres no domingo dia 13 de setembro visitando Danny Halpern na Track Records. Todo mundo disse que ele estava desesperado para encontrar Jimi para discutir sobre um caso judicial que brevemente iria para julgamento. O processo dizia que antes de Jimi ter assinado contrato com Chas e Mike, ele já havia assinado um com a PPX Records.

Será que Mike ficou em Londres? Tanto Trixie Sullivan como Jim Marron, seus assistentes, dizem que não e, insistem que Mike estava em Majorca na Espanha quando ficou sabendo da má notícia. Entretanto Bob Levine conta uma história diferente. Entrevistado pelo escritor John McDermoth ele disse que só depois de uma semana Mike ligou para os escritórios em Nova York fazendo de conta que ele tinha acabado de ficar sabendo.

“Mas, eu sabia que ele estava mentindo porque eu tinha conversado com um povo que tinha visto Mike na festa feita pela Track Records em Londres na noite anterior à morte de Jimi Hendrix”. Fala Bob Levine que, acrescenta que era o mesmo povo que tinha estado no apartamento do Peter Camerom, o homem que tinha negócios com a Track Records, onde Jimi tinha estado naquela mesma noite com Devon Wilson, Alan Douglas e sua esposa Stella. Seria esta a mesma festa só que, com Mike chegando e saindo cedo e Jimi só chegando bem mais tarde?

Muito embora Kathy e Dee tenham investigado profundamente, ainda restam duas coisas importantes e inexplicáveis à respeito da morte de Hendrix:

Primeiro, Hendrix foi encontrado totalmente vestido em cima da cama. Todas as declarações feitas pela Monika indicam que os dois foram para cama dormir juntos. Normalmente, é de se esperar que o casal tirasse a roupa e puxasse a coberta por cima.

Segundo, tanto os motoristas da ambulância como o doutor que atendeu Jimi no hospital dizem que o morto estava com uma aparência muito bagunçada. O Dr. John Bannister, era o médico escrivão de plantão no dia. Quando ele leu o meu livro, ele me escreveu lá da Austrália dizendo: “A coisa que mais me marcou neste evento, foi a considerável quantidade de álcool encontrada na sua laringe e faringe... Eu me lembro vividamente ter visto grandes quantidades de vinho tinto saindo do seu estômago e pulmões.”

É curioso porque, o relatório toxicológico revelou que o álcool encontrado no sangue do Jimi era equivalente à quem tomou 4 copos de cerveja. Bom, de qualquer forma, era sabido que Jimi não tinha grande tolerância para bebida alcoólica. Uma vez, quando ele bebeu um pouco de mais, destruiu totalmente um quarto do hotel. Um pouco antes, naquele mesmo mês, na Suíça, ele tinha tomado umas pílulas mas não tinha bebido nada de álcool. Por mais inconsistente que tenham sido os depoimentos da Monika, nada indica, que Jimi tenha bebido muito vinho e, muito menos, antes, naquela noite. Também, não existe nenhum comentário de ter sido encontrado, no quarto onde ele morreu, garrafas vazias de vinho. Então, de onde veio esta bebida?

O veredicto de morte acidental foi um grande alívio tanto para a Warner Brothers como também para Mike Jeffery. Se o veredicto tivesse sugerido suicido, assassinato ou que de alguma forma Jimi tivesse irresponsavelmente contribuído para sua própria morte, as companhias de seguros não teriam pago as apólices. Na verdade, enquanto a nova investigação policial estava sendo feita, um repórter da BBC conseguiu localizar o investigador da companhia de seguros que investigou o caso. Ele confirmou que tinha buscado uma forma para não pagar a apólice mas, negou-se a mostrar os resultados de sua investigação.

No meio da confusão, baseado num poema que Jimi tinha escrito, Eric Burdon apareceu chapado na TV inglesa para declarar que Hendrix tinha se suicidado. Nem preciso dizer que, Eric levou a maior chamada da Warner Brothers que mandou ele calar a boca ou então...

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Como Noel Redding diria mais tarde com relação ao Mike, para um cara que estava convencido que iria perder o Jimi, sua morte foi muito conveniente para sua saúde e bem estar. Tappy disse que depois da morte do Hendrix, Mike pagou todas as suas dívidas e ainda ofereceu para Al, o pai do Jimi que ficou como herdeiro absoluto, quase 250.000 dólares pela outra metade do estúdio Electric Lady, ficando efetivamente dono do estúdio todo.

Existe um curioso final envolvendo Monika e Mike. Logo depois da morte do Hendrix, existam muito rumores circulando dizendo que Mike tinha estado envolvido no caso. No seu livro de arte publicado em 1995, Monika escreveu que quando esteve em Nova York no final de fevereiro de 1971, foi visitar Mike no Electric Lady Studios (o homem que todo mundo tinha dito para ela que era capaz de tudo para comprar o silêncio das pessoas). Aparentemente, a única coisa conversada foi a possibilidade de Mike ser empresário dela para promover o seu trabalho artístico. Ela disse que convidou Mike para vir até o quarto do hotel onde ela estava hospedada para “discutirem privadamente”. Monika escreveu no livro que, resistiu as “ofertas” do Mike e voou para Seattle. Fica aqui a pergunta: Porque é que ela foi encontrar-se com Mike em primeiro lugar?
A morte prematura do Hendrix com apenas 27 anos, foi seguida pela morte de outras figuras que também morreram cedo. Devon Wilson, sempre lutando com seu vício por heroína, caiu para a morte em circunstâncias misteriosas de uma janela do Chelsea Hotel em fevereiro de 1971.



o próprio Mike Jeffery morreu em 1973. Ele só tinha 39 anos de idade.

Para Noel e Mitch ficou a dura questão: O que fazer depois de você ter tocado no Jimi Hendrix Experience? Apesar de Mitch ter se saído um pouco melhor do que Noel a verdade é que rapidamente os dois caíram na obscuridade. Noel morreu com 57 em maio de 2003 seguido por Mitch em 2009 com 61. Chas Chandler tinha só 57 quando, em julho de 1996, teve um ataque cardíaco fulminante. O mesmo destino sofreu Tony Brown, o historiador que mais completamente documentou os eventos que levaram à morte de Hendrix. Ele também estava na faixa dos 50 anos.

E a Monika? Como sua história estava desabando em face das novas evidências, ela começou fazer acusações demasiadas contra a Kathy.

Kathy Etchingham, então, conseguiu uma ordem judicial proibindo Monika de falar mais mentiras aos repórteres sobre ela e as suas investigações. Monika estupidamente, rompeu a ordem judicial e foi levada pela Kathy à julgamento.

Na quarta-feira, 3 de abril de 1996, Monika foi considerada culpada. Ela sempre foi considerada fraca mentalmente e, perder a causa e ser condenada à pagar 30.000 libras em custos foi demais para ela. Monika suicidou-se dois dias depois. Seu corpo foi encontrado na sua casa, na cidade de Seaford, onde eu a tinha entrevistado 7 anos antes, dentro de um Mercedes cheio de fumaça.

Não foi encontrado uma nota de suicido e, como era de se esperar, algumas pessoas incluindo seu namorado Uli Jon Roth especulam que ela também foi assassinada.

É bem capaz que exista por aí, alguém que saiba exatamente o que aconteceu com Jimi Hendrix entre 4 e 8 da madrugada do dia 18 de setembro de 1970. É importante destacar que, muito embora o inquérito não tenha sido reaberto, o caso em si, continua. É bom lembrar que não existe limitações para casos de assassinato.

Publicado na Inglaterra na edição de agosto de 2009 da revista Classic Rock

O livro Rock Roadie foi escrito por James “Tappy” Write e Rod Weinberg e publicado pela editora FR Books. O último livro de Harry Shapiro foi a biografia autorizada de Jack Bruce publicada pela Fawbone Press em novembro 2008.